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No Ceará, a PPP de esgoto vai universalizar o saneamento, melhorando os índices de saúde
Doenças transmitidas a partir do contato com a água contaminada e esgoto sem tratamento, como diarreias e infecções urinárias, prejudicam principalmente as mulheres e têm maior incidência em comunidades sem acesso ao saneamento básico. “Quando essas mulheres adoecem, isso afeta a família como um todo, porque geralmente são elas que cuidam das crianças, da alimentação, de tudo na casa”, analisa o médico sanitarista e epidemiologista Manoel Dias da Fonseca.
No Ceará, a Parceria Público-Privada (PPP) de esgotamento sanitário, firmada entre a Companhia de Água e Esgoto do Estado (Cagece) e a Ambiental Ceará, vai universalizar o acesso aos serviços de coleta e tratamento de esgoto em 24 municípios até 2033, apontando para a melhora nos índices de saúde. No Brasil, além do impacto na qualidade de vida, com menos adoecimento da população, a universalização do esgotamento sanitário pode gerar uma economia, até 2040, de R$ 25,1 bilhões com gastos em saúde, de acordo com estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil.
Em 2022, o Ceará registrou mais de 198 mil casos de diarreia aguda, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado, número 38% maior que o registrado no ano anterior. “Os leitos de hospitais que poderiam ser ocupados para tratar doenças crônicas acabam sendo usados para cuidar de diarreias em crianças, que evoluem para quadros graves, mas poderiam ser evitadas com acesso a um sistema de saneamento básico”, relaciona o médico Manoel Dias.
O diretor-presidente da Ambiental Ceará, André Facó, destaca que a estrutura de saneamento básico é essencial para proteger não somente a saúde da população, mas também do meio ambiente, e reduzir o impacto de doenças na economia. “Um ambiente com sistema de esgotamento sanitário adequado tem melhora no rendimento escolar das crianças e na produtividade dos trabalhadores”, aponta.
Doenças de veiculação hídrica
O contato com o esgoto não tratado expõe a população a parasitas, vírus e bactérias causadores de doenças como diarreias, vômitos e infecções urinárias. Até mesmo a pobreza menstrual tem ligação com o saneamento básico, uma vez que o descarte incorreto de absorventes está relacionado a infecções ginecológicas.
“O esgoto a céu aberto, com grandes quantidades de água parada, pode também ser um ambiente para proliferação do Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya”, completa o médico sanitarista Manoel Dias.
PPP de esgotamento sanitário
Firmada com o objetivo de cumprir as metas estabelecidas pelo Novo Marco Legal do Saneamento, a PPP entre a Ambiental Ceará e a Cagece vai garantir que, até 2033, 90% da população dos 24 municípios atendidos tenha acesso à coleta e ao tratamento de esgoto. A cobertura será ampliada para 95% até 2040.
A Ambiental Ceará passa a ser responsável pela ampliação, operação e manutenção dos sistemas de esgotamento sanitário. Já a Cagece segue responsável pelo abastecimento de água e atendimento ao cliente.
O investimento total no projeto é de R$ 6,2 bilhões, beneficiando mais de 4,3 milhões de cearenses. Serão construídas 27 Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), 249 Estações Elevatórias e implantados mais de 4.000 km de novas redes de esgoto. Com a ampliação da infraestrutura, serão coletados e tratados, por mês, mais de 1 bilhão de litros de esgoto.